O vento sopra
O tempo esfria
De noite acordo pra me cobrir
Uso lençol
Por cima edredom
Em casulo me enrolo
E aninho
Tento dormir
Tento dormir
Com pé ainda gelado
Dedos gelados
Rosto amassado
Conforto não tem
Tanto aperto os olhos
Quase olho pra dentro
Volto ao sonho
Volto ao sonho
Espero o embalar do sono
Não vem
Não olho o relógio pra não vê-lo rodar
Num constante parar
E então seguir
E então seguir
Acostumo com a pouca claridade
Vejo formas disformes de passagem
Em cada minuto, incabível eternidade
Enlouqueço por só meus pensamentos ouvir
Faço-me companhia
Fantasiando acordada
Histórias pr'eu dormir
Coisas que nem vivi
O dia raia
O sol já brilha
De manhã me descubro a mim.